Avançar para o conteúdo

No dia 24 de Maio de 2025 no “Hotel Alambique” (Fundão) teve lugar a Reunião dos Centros de Pacing de 2025, organização conjunta da APAPE e IPRC; o programa foi elaborado pela comissão organizadora integrando
elementos das duas Direcções, tendo o secretariado da reunião sido centralizado na sede do IPRC e o apoio logístico ficado a cargo da empresa de eventos Xarm.

A reunião teve 62 inscrições, tendo estado representados a maioria dos centros nacionais de pacing, mantendo-se o habitual apoio das cinco principais firmas da indústria de dispositivos médicos, as quais se fizeram representar por membros dos corpos gerentes e/ou elementos das respectivas equipas.

O programa científico abrangeu diversos aspectos ma área do pacing, tendo sido privilegiados novos desenvolvimentos nesta área ou revisitando campos que menos abordados em anteriores reuniões.

Assim, a mesa inicial foi dedicada ao “pacing do sistema de condução”, tema hoje muito em foco, que foi abordado de diferentes ângulos, como a selecção dos doentes que mais possam beneficiar desta abordagem, os critérios de sucesso para a metodologia, as suas dificuldades e o modo de as ultrapassar e por fim a discussão sobre até que ponto se este tipo de pacing poderá vir a substituir ou a complementar o uso da ressincronização nas suas indicções actuais.

Seguiu-se outra mesa importante, dedicada aos desafios que podem vir a surgir após o implante de um dispositivo da área do pacing, desde a possibilidade de termos de lidar com o desenvolvimento de uma miocardiopatia provocada pelo dispositivo, até aos problemas levantados nos doentes com dispositivos, se vier a ser necessária a utilização de metodologias de diagnóstico como a ressonância magnética ou de tratamentos como a radioterapia; por fim foram analisadas as questões relacionadas com a ocorrência de endocardite em dispositivos implantados, nomeadamente a necessidade da sua extração ou os cuidados a ter com a reimplantação de um novo aparelho.

A parte da manhã terminou com um simpósio da indústria (Abbott) em que foram abordados os diversos aspectos dos novos sistemas de pacing implantados dentro do coração, que apresentam a grande vantagem de não necessitarem de cabos (pacing leadless).

Na parte da tarde foram discutidos temas mais genéricos, tendo a primeira sessão sido um debate (prós e contras) sobre a “prevenção primária da morte súbita em doentes que não requerem estimulação por pacing”, debatendo-se essencialmente a opção de ser utilizada ou não, nestes doentes uma modalidade de cardioversor-desfibrilhador implantado (CDI) não transvenoso, não permitindo a aplicação de estimulação cardíaca.

Seguiu-se um novo simpósio da indústria (Medtronic), totalmente dedicado à ao novo CDI extravascular Meet Aurora, cujas características e vantagens foram apresentadas em pormenor.

A sessão sequente foi uma nova controvérsia dedicada à “Prevenção da Morte Súbita” em que foi discutida de forma exaustiva a validade da estratificação de risco em que se tem baseado a selecção de candidatos à implantação de CDI, que têm sido norteada ao longo dos anos por sucessivas recomendações internacionais. O debate focou especialmente a possibilidade de algumas factores de risco deverem ser abandonados por não se ter confirmado o seu valor ou, pelo contrário, a defesa de que outros factores como o grau de disfunção ventricular esquerda se manterão como fundamentais, devendo-se rever os seus critérios, de modo a abranger um maior número de candidatos, pelo impacto significativo na redução da morte súbita da utilização CDI em
alguns doentes com disfunções menos acentuadas (FE > 35%) associando outros factores de risco como os marcadores de fibrose.

A reunião terminou com a sessão de homenagem ao Centro de Pacing do Hospital de Castelo Branco. A responsável desta unidade, Dr.ª Gisela Bragança, abordou de as actividades do Centro desde o seu início, incluindo a análise da casuística, da disponibilidade em meios pessoais e materiais, das dificuldades que teve de ultrapassar e dos resultados obtidos.

Na véspera da reunião a Comissão Organizadora promoveu sessões para jovens cardiologistas com o formato de workshops que integraram uma introdução, com a exposição por especialistas de algumas técnicas de implante de dispositivos, abrangendo o pacing do tecido de condução, a implantação de leadless pacemakers e do CDI subcutâneo, seguindo-se uma rotação dos participantes, divididos em pequenos grupos, por quatro estações de trabalho onde tiveram contacto directo com o material e técnicas de implantação desses mesmos dispositivos, seguindo-se treino prático com recurso a simuladores.