Reunião Arritmias 2021
Devido aos condicionamentos relacionados com a ocorrência da pandemia de Covid19 tornou- se impossível realizar o “Arritmias” no seu formato habitual, tendo-se optado pela realização de uma reunião totalmente virtual.
Este facto levou a que a Comissão Organizadora, integrada por elementos da APAPE e IPRC, optasse por algumas soluções diferentes do habitual, com a anuência das casas da indústria habitualmente participantes. Foi decidido que as inscrições fossem gratuitas e o formato do programa alterado, tendo-se programado seis simpósios patrocinados pela indústria integrados dentro do programa (para além de um simpósio satélite realizado ao final da tarde na véspera da reunião e outros acessíveis através de links accionados nos stands virtuais). O facto dos prelectores intervirem à distância facilitou que na quase totalidade dos simpósios o conferencista acordado com a indústria fosse um convidado estrangeiro. O facto de prevermos que, devido ao tipo de reunião, a assistência fosse diferente da habitual, integrando um número muito maior de médicos “não aritmologistas” (cardiologistas gerais, internos de cardiologia, médicos de outras especialidades e, sobretudo, clínicos gerais), levou a que decidíssemos que algumas sessões fossem mais acessíveis e didáticas, nomeadamente os “Temas em Foco” e a sessão de casos clínicos.
A reunião foi realizada nos dias 19 e 20 de Fevereiro (6ª feira e Sábado), tendo a sua coordenação sido centralizada por uma equipa sediada num estúdio montado no hotel Sheraton em Lisboa onde estiveram presentes em permanência, entre outros, os presidentes da APAPE e IPRC, os técnicos de audiovisuais e os elementos da firma Xarm Eventos que apoiou a logística e o secretariado da reunião.
O prelectores na sua quase totalidade gravaram previamente as suas apresentações, sendo o debate realizado no final de cada sessão, incluindo em muitas sessões um painel de discussão, havendo ainda a possibilidade de perguntas enviadas à distância pelos participantes. A escolha dos moderadores foi feita de modo a que um deles pudesse estar presente no estúdio de modo a orientar a sessão e dirigir a discussão.
Tendo sido necessário garantir com antecedência o apoio financeiro das casas da indústria, este veio a ser acordado através de reuniões em teleconferência entre os coordenadores da Comissão Organizadora e os responsáveis de cada uma das casas que aceitaram participar.
Devido às características da reunião o número de inscrições ultrapassou largamente o habitual, atingindo o número de 994 participantes (nos últimos anos situava-se à volta dos 310 intervenientes). Como é evidente não estavam todos a visualizar de forma permanente a reunião, havendo sempre a possibilidade de poderem assistir ao que lhes interessava mais tarde, pois a plataforma informática da reunião continuava acessível durante um mês.
A reunião contou com 74 participantes activos, entre prelectores, moderadores e membros de painéis, englobando 67 médicos (incluindo 17 convidados estrangeiros) e 7 técnicos cardiopneumologistas e enfermeiros.
Os grandes temas da reunião foram: “Ablação da fibrilhação auricular”, “Pacing fisiológico”, “Novas modalidades na ablação”, “Taquicardia ventricular em doentes com CDI”, “CDI subcutâneo – alargamento das indicações”, “Seguimento de doentes com dispositivos eletrónicos”, “Electrofisiologia virtual”, “Mapeamento e ablação de taquicardia ventricular” e “Anticoagulação peri e pós ablação”.
O programa incluiu duas sessões conjuntas com outras sociedades científicas, uma com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) e outra com a European Heart Rhythm Association (EHRA), representadas pelos respectivos presidentes.
A primeira,focou a abordagem da fibrilhação auricular (FA) nalgumas situações particulares: FA sub-clínica, FA vagal, FA em doentes com cardiopatia e FA em doentes com alto risco de recidiva, tendo dois prelectores sido portugueses e outros dois brasileiros.
A sessão com a EHRA, presidida por Christophe Leclercq e a presidente da APAPE (Leonor Parreira) abordou o tema de grande actualidade: “Prática da Arritmologia na era pós COVID”.
O primeiro tempo da manhã do dia 19 foi preenchido pela habitual sessão “Temas em foco” em que se discutiram vários aspectos do tema “As arritmias no dia a dia do cardiologista”, sessão que, como referimos, era extremamente acessível e didática. Compreendeu assuntos como “Fibrilhação auricular: porquê e como manter o ritmo sinusal”; “Extra-sístoles ventriculares – quando referenciar para ablação” e “Insuficiência cardíaca: opções terapêuticas para além dos fármacos”. Como habitual participou na discussão um painel alargado constituído por cardiologistas senior não aritmologistas, não tendo desta vez sido possível dadas as características da reunião, promover a intervenção dos participantes com recurso ao televoter.
O programa incluiu ainda uma sessão baseada em casos clínicos, incluindo três casos, mas em que a apresentação de cada situação era seguida por uma revisão (“estado da arte”) da temática levantada por cada uma das situações clínicas, a cabo de cardiologistas sénior, com larga experiência no assunto.
Antes da sessão final da reunião, em que foram entregues os prémios para o melhor poster e o melhor investigador, foram apresentados e discutidos os dados dos registos nacionais de electrofisiologia e de pacing referentes a 2020, pelos Vice-presidentes da APAPE da respectiva área.
Na exposição de posters foi utilizada de novo a metodologia electrónica, mas desta vez com as potencialidades proporcionadas pela sua transmissão através da plataforma informática da reunião, tendo sido batido de novo o número record de comunicações, que atingiu as 70 apresentações. Com base na classificação dos resumos enviados previamente, o Júri do prémio seleccionou três, sendo atribuído à que foi considerada a melhor o 1º prémio (prémio Medtronic) e às outras duas classificadas os 2º s prémios. No final da sessão o primeiro autor do trabalho vencedor apresentou-o publicamente de forma abreviada numa sessão presidida pelos membros do Júri.
Apoiaram a reunião um total de 10 casas de dispositivos médicos e laboratórios clínicos que participaram na reunião a nível da exposição técnica (stands virtuais), e em seis casos, promovendo simpósios científicos, que, como referimos, foram incluídos no programa.
Apesar da nossa falta de experiência em reuniões virtuais e das dificuldades encontradas, consideramos que a reunião teve sucesso não só pelo nível científico das apresentações, mas pela dimensão da audiência, quantificável a partir da plataforma informática da reunião, que se manteve sempre elevada (total de 2728 visualizações no primeiro dia e 3824 no segundo), atingindo os seus picos na segunda parte das sessões da manhã (máximo 495 pessoas a assistir em simultâneo no Sábado).